26/02/2013

Comportamento durante a Entrevista: Como transformar a situação de entrevista numa relação profissional produtiva



Uma entrevista produtiva não garante a sua contratação, mas com certeza propicia uma experiência extremamente útil para toda sua vida profissional, além de, é claro, deixar uma imagem positiva junto a um provável empregador.
Deste modo, encare toda entrevista, com qualquer tipo de profissional de qualquer nível como uma oportunidade profissional real.
Não deixe que seus preconceitos e temores interfiram na sua relação com seu entrevistador. Mesmo que ele não pareça a pessoa indicada para entrevistá-lo, não assuma uma postura de descaso. Todo profissional de uma empresa que o convida para uma entrevista deve ser encarado como um representante legítimo dos interesses daquela empresa e, portanto, deve ser tratado por você ética e profissionalmente. Muitos candidatos perdem ótimas oportunidades por guardar seus trunfos "para falar com alguém com maior poder de decisão".
Todo entrevistador tem um poder de decisão no processo seletivo, ainda que seja proporcional à sua situação na hierarquia da empresa. Isto não significa que você precise conversar sobre complexos sistemas gerenciais e administrativos com alguém que apenas tem o objetivo de fazer uma pré-seleção. Desenvolva a entrevista em função do entrevistador e de seus limites, mas não o menospreze. Como também não o superestime.
O fato de ser entrevistado diretamente por um vice-presidente, por exemplo, também não pode ser encarado de forma errada. Não é nem privilégio excessivo, nem uma responsabilidade adicional, mas apenas a estratégia daquela empresa em particular para o processo de seleção. Toda esta percepção é importante para o desenvolvimento de um desempenho realmente produtivo e adequado aos objetivos de cada entrevista.

Autopreparação


Participar da entrevista de seleção não é difícil, mas também não é algo que possa simplesmente ser encarado como "um trabalho a mais". É necessário que você se prepare para ela, do mesmo modo como você se prepara para a apresentação de um projeto ou a venda de uma idéia.
A maior parte dos profissionais, depois de passarem algum tempo em uma empresa, acaba desenvolvendo certos hábitos de postura e mesmo de vestuário, que nem sempre são os mais adequados ao mercado no momento.
Avalie-se, peça a opinião de pessoas próximas e procure melhorar, se for o caso. O que não implica em trocar todo o seu guarda-roupa e entrar para uma escola de boas maneiras, mas sim procurar "aparar as arestas".
Aquela barriguinha que força o botão da camisa, a gravata por demais fora de moda, o jeito meio relaxado de sentar e outras coisas menos aparentes, como uma tendência em recostar na cadeira quando fala com alguém ou mesmo um certo tom autoritário, podem pesar na avaliação de um entrevistador mais exigente e perspicaz.
Aproveite este momento de reavaliação para iniciar as mudanças pessoais que você vinha protelando.
Sua aparência deve ser impecável.
Procure avaliar como você se comporta nos contatos profissionais e busque adequar sua forma de relacionamento com outros profissionais.
Lembre-se: o equilíbrio está em se sentir suficientemente a vontade sem perder de vista os limites da entrevista. Além dessa análise, você precisa preparar-se adequadamente para a entrevista, considerando as informações que lhe serão cobradas a qualquer momento pelo entrevistador.

Vejamos então o que você precisa fazer para se preparar bem nesse sentido.

Recupere seu histórico profissional
Use seu currículo como um roteiro e vá preenchendo-o (numa folha a parte) com todos os dados expressivos que estejam ligados a cada um dos tópicos.
Procure lembrar-se de todos os fatos e acontecimentos de sua vida profissional, identificando sua participação neles e os resultados de suas ações.
Identifique claramente como foram as transições (promoções, mudanças de área, de empresa, de interesse etc.) e como você se saiu após sua consolidação.
Analise como foi seu desenvolvimento profissional em cada uma das fases, identifique os momentos em que seu amadurecimento profissional, seu aperfeiçoamento técnico ou gerencial começaram a lhe render frutos, foram reconhecidos e ampliados.
Tente ser o mais minucioso possível. Volte à vida escolar acadêmica, reveja suas conquistas e dificuldades, relacione-as com seu momento atual, avalie seu progresso.

Identificação dos pontos fortes e fracos
Detenha-se nos pontos fracos e fortes igualmente.
Uma experiência positiva tem o mesmo valor de uma negativa, se ambas forem usadas para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Procure identificar:
- por que errou/acertou
- como você era naquele momento
- qual a interferência de suas ações para o erro/acerto
- qual o peso de outros fatores
- como você agiria hoje diante de uma situação semelhante
- o que faria diferente, o que não mudaria
- quais informações/experiências você tem hoje para agir de outra forma.

Delimitação de perspectivas e expectativas:
Após ter feito um levantamento extenso e profundo sobre seu passado profissional, volte-se para o futuro.
Primeiro procure identificar claramente quais são suas expectativas quanto a um cargo novo, uma nova empresa, uma nova atividade, um novo desafio.
Depois estabeleça suas preferências, seus limites, seus interesses, sua área de eficácia, suas dificuldades práticas, suas deficiências teóricas, a necessidade de atualização e reciclagem.
Com base nessas duas análises avalie friamente suas perspectivas em termos do que você conhece do mercado profissional (consulte pessoas próximas que possam auxiliá-lo nesta visão do conjunto); avalie suas condições de competitividade, sua disposição, sua garra. Mentalize positivamente: "Não sou necessariamente o melhor, mas tenho condições de competir em igualdade com a maioria". Reflita realisticamente: "Preciso melhorar em vários pontos".

Pesquisa de Mercado - Fundamente sua análise, buscando dados no mercado:
Leia todas as colunas de anúncios classificados, as revistas de negócios, as publicações de sua área, as análises econômicas, e outras informações pertinentes.
Converse com as pessoas da área, visando levantar informações, esteja atento às novidades, esteja ligado no mercado.
Some estas informações com suas próprias análises e procure chegar a uma visão real do mercado, das exigências mais comuns, das tendências e possibilidades.
Conclua, comparando os resultados de todas as análises. Seja honesto com você mesmo, mas não desenvolva autopiedade, auto-indulgência ou autoconfiança excessiva.

Estratégias e Comportamentos Prévios


Qualquer que seja o tipo de entrevista ou o momento em que ela ocorra dentro do processo de seleção, há algumas coisas básicas que serão úteis para o seu desempenho.

A. Sentindo o ambiente
Antes de mais nada, é necessário você sentir o ambiente. Isto significa que, a partir do momento em que você está à disposição do entrevistador (na sala de espera, ante-sala ou até mesmo na recepção), está em situação de entrevista, de avaliação.
Assim, procure observar o comportamento das pessoas da empresa, o tipo de  relacionamento que há entre elas, a postura dos profissionais durante o trabalho.
Quanto a empresa em si, observe suas instalações, condições de trabalho, organização, limpeza, enfim, a dinâmica e a estrutura que caracterizam a empresa.
Além disso, é muito importante que você tenha em mente que a observação destes indicadores poderá ser fundamental para sua avaliação da empresa e, claro, de seu interesse em vir a trabalhar nela.

B. Empatia
Outra coisa importante para a entrevista, e mesmo para sua vida profissional como um todo, é o uso da empatia.
Ainda que todo o mundo saiba que empatia é a capacidade humana de se colocar no lugar do outro, e até mesmo tentar sentir as coisas como o outro sentiria, nem sempre é fácil usá-la em situações nas quais nós nos vemos como a "parte pressionada".
Em princípio, na entrevista você não comparece para ser pressionado, mas sim conhecido e analisado, portanto é possível usar sua capacidade de empatia.
Vá para a entrevista tendo em mente que, ainda que o entrevistador não seja suficientemente empático (e até mesmo antipático!), você deve se colocar no lugar dele e tentar ver as coisas sob o ponto de vista dele, ou seja, ver com os olhos da empresa o problema em questão: a contratação de um profissional.
Isto fica fácil de entender se você imaginar uma situação na qual o entrevistador esteja sob pressão para encontrar um candidato adequado às exigências da empresa (esta pressão pode ser resultado tanto de uma emergência como de uma seleção errada feita anteriormente, por exemplo).
Esta circunstância pode refletir na condução da entrevista com você, fazendo com que, por exemplo, ele seja extremamente ríspido nos seu questionamentos.
Se você (como candidato interessado na vaga e no processo de entrevista) não fizer um esforço para conciliar seus objetivos com a forma como o entrevistador se coloca, inevitavelmente o resultado da entrevista ficará comprometido, e conseqüentemente sua avaliação também.
Está claro então que você - o entrevistado - também é responsável pelo desenvolvimento e o resultado da entrevista.
Logo, não basta chegar a uma entrevista disposto a "responder perguntas da melhor forma possível". O bom candidato/entrevistado se caracteriza por uma atuação no processo da entrevista que a conduza a resultados concretos ligados aos objetivos de ambas as partes.

C. Participação no "jogo"
O fato de o candidato ser um participante ativo da entrevista não implica que ele assuma a condução da entrevista como um todo.
A regra fundamental é: participar do jogo proposto pelo entrevistador.
Ou, "atuar de acordo com o diretor".
Muitos candidatos acabam se prejudicando por querer conduzir o entrevistador apenas para aquilo que eles acham importante que seja tratado na entrevista, chegando até a assumir uma postura professoral ou paternal com o entrevistador.
Assim, ainda que sua participação ativa seja importante, também é importante sua percepção das necessidades reais do entrevistador e suas verdadeiras intenções em desenvolver um ou outro tipo de entrevista.
Daí a importância do candidato estar preparado e disposto a participar do jogo do entrevistador, o que fica evidente quando, por exemplo, você é pressionado, já que além da sua resposta há sempre uma expectativa quanto a sua reação à pressão.

Comportamento durante a Entrevista


Há algumas regras básicas de conduta que você deve ter durante a entrevista, não importando de que tipo ou em que momento esteja acontecendo. Essas regras não configuram um roteiro rígido, já que algumas das fases da entrevista poderão não ser desenvolvidas, ou mesmo repetidas em outra ordem.
O que importa aqui é sua postura de candidato diante do entrevistador, a relação que você deve estabelecer com ele e a empresa.

A.Abra-se
A primeira impressão pode não ser definitiva, mas ela é fundamental.
Entre para entrevista aberto, pronto a "abraçar" seu entrevistador, a participar com ele.
Procure deixar de lado todas as suas concepções e conceitos prévios. Não coloque barreiras ao entrevistador ou à entrevista.
Procure demonstrar confiança e disposição. Elas se manifestam desde sua postura física até seu tom de voz. Também o aperto de mão é muito importante. Desde que o entrevistador estenda a mão dele!
Mão úmida é sinal de nervosismo, portanto, você deve tentar se acalmar antes da entrevista. Lembre-se: chegue sempre pelo menos com 15 minutos de antecedência para se ambientar, se acalmar...
De qualquer forma a maior parte dos entrevistadores sabe que a situação de entrevista gera um pouco de nervosismo e, portanto, ele não se surpreenderá com a "mão úmida".
Contudo, também o modo como é dado o aperto de mão é importante: deve ser firme, educado, sugerindo segurança e polidez.
Sente-se apenas após a indicação ou o convite do entrevistador e assuma uma postura ao mesmo tempo relaxada e contida.
Não cause a impressão de uma estátua ou robô sentado. Lembre-se de como você se comporta quando está na casa de alguém pela primeira vez. Esta postura social é suficientemente adequada.
Todos estes fatores são importantes, mas o mais importante neste momento em termos da relação indivíduo/indivíduo é como você estabelece essa relação, em termos de sua disposição interior.
Assim, colocar o entrevistador num pedestal (o chamado efeito "terra de gigantes", quando você se sente como um anão) ou mesmo considerá-lo inferior (também conhecido por "subir nos saltos"), são posturas que criarão inúmeras barreiras entre você e ele.
"Seja objetivo e verdadeiro em suas ações".
Não importa que tipo de pessoa ele seja, você deve assumir uma postura relacional que possibilite a troca de informações, ou seja, uma postura profissional, de igual para igual.

Lembre-se, são dois profissionais selecionando. Você está escolhendo uma empresa e um cargo, e o entrevistador está selecionando profissionais e perfis.

B. Perceba as necessidades do entrevistador
Após os momentos iniciais, a entrevista propriamente dita está em curso.
Cabe agora a você participar dela como um elemento ativo. Primeiramente, nunca se limite a ser um "respondedor de perguntas".
Suponha que seu entrevistador inicie como uma pergunta tradicional do tipo: "Fale um pouco de você".
O normal é imaginar que ele queira saber alguma coisa sobre seu histórico profissional, mas nada garante isso e mesmo que você imagine ser este o objetivo, de que forma você deveria responder?
Tradicionalmente o que se espera é um resumo de seu histórico recente e algumas informações sobre seu perfil.
Mas você também pode optar por fazer uma pergunta específica: "O Sr. gostaria que eu falasse mais especificamente sobre minhas últimas realizações profissionais?" pode ser uma forma de pedir um caminho para sua resposta, ainda que aparentemente seja apenas uma pergunta em resposta a outra.
A essência desta abordagem deve ser: "Diga por onde quer eu vá, que eu seguirei sua orientação". Ou seja, ao mesmo tempo que você se coloca disposto a responder as indagações do entrevistador, também se mostra preocupado em objetivar suas respostas. Mas para tanto é preciso avaliar o estilo do entrevistador, identificando se ele está aberto à questões.
Isto fica fácil de entender se imaginarmos uma situação assim:
- após os momentos iniciais o entrevistador fornece algumas informações sobre a entrevista, os motivos de você ter sido chamado, algumas características da empresa etc.
- a partir destas informações ele faz alguma questão específica sobre algum aspecto de seu currículo, por exemplo:
"Pelo seu currículo, parece que você ainda não teve nenhuma experiência muito longa com cargos gerenciais, não?
Como você pretende desempenhar suas funções de gerente caso você venha a ser admitido por nós? "
- você deve procurar responder diretamente a questão, uma vez que já há dados suficientes sobre as necessidades do entrevistador e da empresa e até mesmo sobre a linha que ele pretende seguir.

C. Informe bem
Esta fase indica o momento (ou momentos) em que você deve transformar a relação de entrevista numa fonte de informações sobre você
De modo que, para cada pergunta, sua resposta deve conter uma informação que atenda diretamente às necessidades do entrevistador, além de propiciar uma visão de seu passado profissional.
A maior parte dos candidatos, quando perguntados, costumam fazer longas explanações sobre os assuntos.
Responda com objetividade, clareza e precisão.
Por exemplo: No meio de uma entrevista uma pergunta do tipo: "Quais são suas prioridades pessoais?",normalmente deve ter sido gerada por uma soma de informações que foram trocadas entre você e seu entrevistador, de modo que a resposta não é simplesmente listar suas prioridades, mas sim relacioná-las tanto ao que você já descreveu até aquele momento, quanto com as prováveis necessidades inerentes ao cargo em questão.
Com este tipo de atitude a entrevista deixa de ser simplesmente uma relação de perguntador/respondedor para se transformar num diálogo mais rico e profundo de cunho profissional.
Vejamos agora que tipo de informações você precisa ter em mente e que serão importantes durante a entrevista.
Há algumas informações tradicionais (ou até mesmo óbvias) numa situação de entrevista. São elas:
Dados pessoais: estado civil, idade, endereço, família, interesses etc.
Formação: nesse item estão incluídos desde seus cursos regulares até os treinamentos e cursos especiais de que você tenha participado.
Sempre ressalte a relação entre o que você estudou e o cargo pretendido.
Algumas atividades ligadas diretamente ao tempo de sua formação também podem ser dados importantes para uma melhor caracterização de seu perfil.
Coisas como participação em grupos de trabalho, pesquisas científicas patrocinadas por escola/universidade, participação política na universidade, desenvolvimento de projetos etc. podem ser usadas em função de uma melhor caracterização de seu histórico, tendo em mente sempre a questão da relação com o que você procura e as necessidades do entrevistador, do cargo e da empresa.
Experiência profissional: como já foi dito é importante fazer um resumo por escrito de toda a sua vida profissional, identificando pontos positivos e negativos, conquistas e revezes, erros e acertos, momentos produtivos e improdutivos, fases de desenvolvimento e de estagnação etc.
Com estes dados você terá condições de, quando questionado sobre algum aspecto, não só responder à questão, como trazer exemplos de sua vida profissional anterior que fundamentem sua resposta. Não se limite à resposta: exemplifique, cite fatos, explique como você agiu, historie resultados e conseqüências de suas ações, identifique as dificuldades, contextualize sua ação, enfim, torne a resposta uma oportunidade de descrever fatos reais pelos quais você tenha passado na sua vida profissional.
É importante lembrar que os erros e fatos negativos também são indicadores de sua evolução. Portanto, poderão ser cobrados pelo entrevistador e mesmo ser usados por você como fator indicativo de sua evolução, já que a identificação de um erro passado deve estar aliada à perspectiva de não cometê-lo no futuro.
Perspectivas: pense seriamente sobre quais são as suas aspirações profissionais, como você espera chegar lá, quais são seus planos a curto, médio e longo prazo, que expectativas você tem com essa nova colocação, como você espera contribuir para a empresa etc.
Todas estas reflexões fundamentam a visão que seu entrevistador terá sobre que tipo de profissional você será, se vier a trabalhar com ele. É importante estar atualizado, mas ter consciência de suas deficiências necessidades de aperfeiçoamento e reciclagem, e demonstrar esta disposição.
Também é necessário demonstrar capacidade de integrar sua visão com a da empresa, ou seja, demonstrar sua capacidade de adaptação e de trabalhar sob normas e procedimentos resultantes de uma política organizacional.

Temas atuais: identifique assuntos e temas, ligados ao universo do cargo que você busca, que estão na ordem do dia.

Isto reflete não só sua atualização, como também sua percepção profissional em termos mais gerais. Analise as novas tendências de sua área (as publicações especializadas e mesmo os jornais são boa fonte), as experiências em curso, o tipo de visão profissional predominante bem como as questões econômicas, administrativas e políticas que estão ligadas direta ou indiretamente à sua área.
Não tente ser um "sabe tudo", mas também não vá para uma entrevista como se fosse para uma aula. O bom profissional tem consciência de que sabe pouco, mas está permanentemente buscando atualização.

D. Envolva
Nessa fase, você deve procurar envolver o entrevistador com seu interesse, procurar dar a ele motivos para pensar em você como um  profissional diferenciado.
As informações que você levantou para a fase anterior são muito úteis também aqui, pois se você não assumir um papel ativo, a entrevista pode limitar-se a uma troca de informações de parte a parte.
Algumas entrevistas podem ser concluídas após a fase de troca de informações, ou seja, após o entrevistador ter ficado "satisfeito" com o que ele obteve de você em termos de seu perfil geral, que inclui dados de sua formação e experiência.
Contudo, você não pode ficar satisfeito apenas com isso.
Você deve mostrar mais, fornecer outros indicadores que o diferenciem como profissional, envolvê-lo, enfim. O método para isto é formular uma questão que o qualifique.
Vejamos alguns exemplos:
"Eu estive lendo que a área de... tem feito poucos investimentos em novos equipamentos. Qual é a política da empresa no momento?
Manter o parque instalado e investir em recursos humanos?"
"Num curso de... que fiz, falava-se muito em... Há alguma iniciativa neste sentido aqui na empresa?"
"Como é a política de treinamento da empresa?
Há algum tipo de reciclagem periódica prevista para minha área?"
"O meu cargo é novo ou irei substituir alguém? O cargo faz parte de alguma nova estratégia da área/empresa? "
"A política econômica do governo anda meio instável, não? Quais as estratégias da empresa para driblar este problema?"
"Você poderia me dizer quais são as principais diretrizes da minha área para o próximo ano/semestre?
Quais as expectativas quanto ao novo ocupante do cargo em relação a estas diretrizes? "
Como você pode perceber, estas questões podem ser aplicadas em qualquer entrevista e com a maioria dos entrevistadores.
Por exemplo, as quatro primeiras questões poderiam ser feitas a entrevistadores tanto na área de recursos humanos da empresa, quanto da sua área específica de atuação.
As duas últimas provavelmente seriam mais adequadas se fossem feitas à pessoa que irá contratá-lo, por exemplo, ou alguém com conhecimento desses assuntos.
O importante é que você utilize este espaço (se lhe for dado, claro!) da entrevista para se mostrar de forma diferenciada, colocando-se "ao lado" do entrevistador, como se você já fosse trabalhar com ele.
Nem sempre, contudo, o entrevistador estará disposto a lhe conceder este espaço para o aprofundamento da entrevista. Vários fatores podem condicionar tal atitude. Mas qualquer que seja a reação dele, não desanime; sua tentativa terá valido a pena.
Lembre-se também de que, caso ele lhe conceda esta abertura, você deve aproveitá-la ao máximo.
Daí a importância de você ter em mente uma série de informações/questões que possam ser trazidas ao diálogo num momento como este. Aquele cursinho que você fez no ano anterior, o artigo que você leu na semana passada, a entrevista que você viu na televisão ou até mesmo a discussão que você teve em casa, podem conter elementos úteis relacionados com a colocação que você busca ou o próprio contexto da entrevista.
O que não se pode perder de vista é que sua relação com o entrevistador precisa ser mantida em termos profissionais e norteada pelo seu interesse e pelas necessidades dele.

E. Supere
Superar os obstáculos criados por você mesmo, pelo entrevistador ou pela própria situação da entrevista; é um procedimento fundamental em qualquer momento da entrevista. Mas, se ela chegou até aqui passando pelas demais fases descritas anteriormente, um obstáculo adquire um novo significado.
Portanto, nunca diga "não" ao entrevistador.
Dizer "não" neste contexto significa negar a posição ou opinião dele ou se negar a discutir algum aspecto ligado ao cargo.
Estratégica e diplomaticamente, permita que o entrevistador manifeste suas opiniões por mais absurdas que elas lhe pareçam.
Não se contraponha a elas simplesmente, admita-as como possíveis, mas não se furte de dar a sua opinião, inclusive questionando-as se for o caso.
Também não se negue a discutir qualquer aspecto teórico ou prático do seu trabalho: mostre-se flexível, o que não significa abrir mão de seus interesses e princípios.
Quando se tratar de um obstáculo criado por alguma intervenção por parte do entrevistador e que diz respeito a aspectos pessoais ou éticos, não reaja emocionalmente. Procure analisar a questão e responder com base em seus valores, sem contudo parecer um "pregador".
Afirme seu ponto de vista cuidadosamente, mas seja suficientemente flexível para admitir outros pontos de vista, principalmente aquele expresso pelo entrevistador.
Mas vejamos que tipos de intervenções ou perguntas podem criar este tipo de situação:
- "Você mudaria para Manaus para conseguir este cargo?"
Se não está nos seus planos, diga, mas não se negue a discutir a  possibilidade, levantando questões sobre as condições (não só financeiras) para tanto.
"Você admitiria fazer um controle financeiro paralelo? "
Expresse sua opinião de modo flexível, mas baseado nos seus princípios; não barganhe para conseguir o cargo.
"Você não acha que está sendo pretensioso? "
Provavelmente você se expressou de forma inadequada ao menos sob a ótica do entrevistador, considere a possibilidade e se mostre disposto a rever suas opiniões.
"Infelizmente, parece que você está acima de nossas necessidades; suas qualificações são excessivas e me causarão problemas".
Procure demonstrar sua adaptabilidade e suas deficiências e necessidades de aperfeiçoamento. Não deixe uma impressão supervalorizada.
Traga elementos que reforcem a possibilidade de seu aproveitamento, a sua disposição em organizar treinamentos, por exemplo.
"Você me parece pouco religioso. A empresa dá preferência a profissionais que tenham vida religiosa praticante".
Traga o foco para o profissional, não se predisponha a mudar ou vestir o "hábito", mas não se coloque como um "ateu fanático".
Estes são apenas alguns exemplos.
O importante é que você tenha em mente a necessidade de superar obstáculos de modo produtivo.

F. Conclua
Se a entrevista deve ser encarada como uma relação profissional, você deve se preocupar com a sua conclusão. Feche um ciclo definido. Este ciclo varia de entrevista para entrevista, já que um primeiro contato pode ser concluído muito mais rapidamente do que uma segunda entrevista, por exemplo.
O importante é que você tenha em mente os limites do entrevistador, e os limites que ele criou para aquela entrevista em particular. Se você desenvolveu uma relação com ele durante a entrevista, será fácil identificar os limites impostos.
Lembre-se de não desconsiderar a presença do entrevistador: muitos candidatos esquecem que estão falando para alguém e se perdem em divagações e ilações inúteis ao processo.
Se a entrevista propiciou o desenvolvimento de temas mais profundos, a probabilidade de que você se empolgue é maior ainda. Assim, não perca de vista que o objetivo é ser adequado aos olhos do entrevistador.
Como as entrevistas habitualmente costumam durar em torno de uma hora, controle o tempo para que você tenha uma dimensão do ponto em que a entrevista está.
Se perceber que ela se encaminha para o final (e você deve perceber !) procure comprometer-se com o processo. "Este nosso contato está sendo muito produtivo e interessante, espero poder voltar a conversar com você", é uma boa forma de mostrar ao entrevistador seu interesse quanto ao cargo, à entrevista em si e ao restante do processo de seleção.
Caso o entrevistador dê espaço, e se nada houver sido dito antes, questione-o quanto ao resto do processo, não de forma incisiva, mas demonstrando-se entusiasmado e interessado.
Finalmente, espere pela indicação dele de que a entrevista está concluída e preocupe-se em deixar uma imagem final tão ou mais positiva do que aquela que você criou no início.
Agradecer pela oportunidade e a atenção é uma forma ao mesmo tempo profissional e gentil de se despedir, e pode até mesmo incluir o tradicional "espero que possamos voltar a conversar..."

EM RESUMO
§  Prepare-se adequadamente para a entrevista.
§  Sinta o ambiente, observe atentamente e "sintonize-se".
§  Seja empático e ativo.
§  Deixe o entrevistador estabelecer as regras do jogo da entrevista.
§  Adote uma postura aberta, espontânea e tenha atitudes positivas.
§  Procure descobrir as expectativas do entrevistador.
§  Dê informações adequadas ao entrevistador.
§  Cuide do conteúdo da entrevista.
§  Busque superar os obstáculos para que a entrevista flua produtivamente

24/02/2013

TIPOS DE ENTREVISTA




Não é possível classificar todos os tipos de entrevista, mesmo por que, devido às suas características, cada entrevista pode se configurar como um tipo único. Mas numa visão mais geral é possível classificar alguns tipos básicos em função do tipo do  entrevistador ou da circunstância da entrevista.

Entrevista na Área de Recursos Humanos


Geralmente, uma vaga que é anunciada em jornais ou revistas terá sua primeira entrevista feita por pessoal de recursos humanos. Contudo, há sempre uma tendência a compatibilizar o cargo do entrevistador com o do candidato. É claro que uma entrevista deste tipo não irá ater-se a aspectos intimamente ligados à sua área de atuação, mas antes a aspectos gerais sobre o trabalho.
Coisas como política de benefícios, incentivos, perspectivas de desenvolvimento, necessidades gerais da empresa, perfil desejado etc., fazem parte das informações transmitidas por este tipo de entrevistador. Em contrapartida, você será argüido sobre seus interesses profissionais e pessoais, experiências anteriores em termos gerais, histórico profissional (tempo, promoções, tipos de empresas em que atuou, tipos de chefia etc.), expectativas e interesses quanto ao novo cargo, aspectos da vida familiar e social, interesses culturais e de lazer etc. Muitos candidatos têm uma certa resistência quanto a serem entrevistados por esse tipo de profissional (principalmente quando se tratar de uma psicólogo e com pouca idade), por julgarem que ele não terá condições de realizar uma avaliação suficientemente criteriosa sobre os candidatos. Acabam por assumir um certo descaso para com a entrevista e mesmo para com o entrevistador, prejudicando sua performance e o resultado da entrevista. Tenha em mente que esse tipo de entrevistador é uma pessoa especializada na tarefa e, o que é mais importante, foi designado para realizar a entrevista. Isto confere a esta entrevista um valor próprio dentro do processo de seleção, valor este que aumentará na medida em que esta seja sua primeira oportunidade de contato com a empresa.

Entrevista Preliminar


Como a entrevista vem sendo cada vez mais incorporada como uma estratégia decisiva no processo de seleção, muitas empresas optam por realizar uma entrevista preliminar com os candidatos. Na maior parte das vezes esta entrevista tende a ser realizada por pessoal especializado, da área de recursos humanos, com um nível compatível com o cargo em questão. De modo que para os cargos executivos o entrevistador será, normalmente, um diretor ou gerente de recursos humanos. Para os cargos gerenciais / técnicos / executivos, esta entrevista - que tem uma abrangência necessariamente menor que uma entrevista tradicional - serve como uma primeira avaliação do candidato. O escopo desta entrevista se relaciona especificamente  a alguns aspectos do contexto profissional. Podem ser abordados assuntos como: linha de trabalho, perfil profissional, expectativas em relação ao cargo e à empresa, revisão do histórico profissional, perfil socioeconômico, sociocultural e mesmo político. Não é comum, mas uma entrevista preliminar poder ser realizada pelo seu futuro superior imediato. Isto é possível em empresas de menor porte, empresas em que o processo de  seleção é realizado diretamente pelos interessados das áreas e para candidatos que chegam à empresa de forma diferenciada - por indicação, através de consultoria, através da criação de oportunidade etc. De qualquer forma, quem quer que seja o entrevistador na entrevista preliminar, seu desempenho deve se pautar pela observância dos procedimentos que indicamos e que visam qualificar sua postura durante a entrevista. Um dos maiores erros do candidato é desconsiderar entrevistadores que ele julga desqualificados para entrevistá-lo, os quais, em função deste tipo de postura do candidato, terminam por não selecioná-lo para as próximas etapas. Não cometa esse erro. Trate seu interlocutor com respeito profissional e considere que ele tem, naquele momento, poder para avaliá-lo.
Na Entrevista:
·         Apresente-se vestido com cuidado e discrição. Os homens devem evitar os adereços, como os brincos. As mulheres devem evitar roupa justa demais, decotes, maquilagem muito pesada.
·         Não adote uma postura arrogante e exageradamente confiante, nem uma postura muito "humilde" e subserviente.
·         Chegue 15 minutos antes da hora e não mostre ansiedade para sair logo.
·         Não procure impressionar o entrevistador, falando exageradamente de suas qualidades e feitos.
·         Não fique ansioso caso o entrevistador aborde assuntos/temas que você não julga os mais pertinentes.
·         Nunca dê a impressão de descaso para um possível entrevistador pouco  qualificado. Use a situação de modo produtivo e profissional.
·         Procure ressaltar suas realizações, mas de forma adequada ao ritmo do entrevistador.

Entrevista de Recolocação


De todas as estratégias em uso no mercado, a entrevista é a que tem dado melhores resultados e se mostrado cada vez mais adequada às necessidades de seleção. Mas por que esta importância? Em primeiro lugar, porque a entrevista é uma forma insubstituível de relacionamento profissional, que permite ao entrevistador ter um contato direto com o candidato, numa situação real muito próxima do cotidiano das empresas. E, em contrapartida, permite que o candidato aja de modo a interferir na sua avaliação demonstrando suas qualidades e seu potencial. Assim, fica fácil entender qual o objetivo central de uma entrevista, que é: permitir a dois profissionais (o entrevistador e você, candidato) avaliar até que ponto os objetivos de ambos (de um lado encontrar um determinado tipo de profissional, de outro encontrar uma empresa satisfatória) coincidem ou não. Como você pode ver, a diferença entre a entrevista e os demais testes/estratégias de seleção é que nela sua participação pode ser proativa e, nem a forma de abordagem, nem os resultados podem ser totalmente esquematizados previamente, podendo ser alterados pelo entrevistador, mas também por você, como candidato, durante o desenvolvimento. A entrevista também se diferencia das demais estratégias pela sua mobilidade e flexibilidade, já que pode ser realizada em qualquer momento do processo de seleção e com várias abordagens e níveis de profundidade, além de exigir menor tempo de desenvolvimento e análise (em regra geral, uma entrevista tem resultado imediato, notadamente quando o entrevistador a tiver estruturado previamente), o que significa menor custo e maior agilidade.

Entrevista Técnica


Neste tipo de entrevista, o foco está nas questões ligadas aos seus  conhecimentos e experiências estritamente técnicos. É um tipo de entrevista que só poderá ser desenvolvida por um entrevistador com conhecimentos no mínimo compatíveis com aqueles do seu nível profissional. Normalmente, são pessoas de sua própria área de trabalho e que possuem conhecimentos iguais ou superiores ao seu. Não é possível prever, contudo, qual a profundidade e a forma de abordagem de tal entrevista, nem o tipo de entrevistador. Mas é possível prever que será necessário, de sua parte, um desempenho a um só tempo técnico (no sentido de responder o mais adequadamente possível às questões) e envolvente, no que diz respeito a relação que você estabelecerá com seu entrevistador. Também é importante ressaltar que não há uma expectativa de que você saiba todas as respostas, nem de que você responda exatamente como nos livros ou manuais. O que há é uma expectativa quanto à sua capacidade de relacionar as informações e coordená-las de modo produtivo. Assim, não há nenhuma necessidade de você começar uma reciclagem intensiva, apenas retome as questões fundamentais de sua área (que você já tem introjetadas no seu cotidiano de  trabalho) e preocupe-se em estar atualizado.
Normalmente, a leitura de publicações/artigos de sua área é um bom método e, inclusive, ajuda a tranquilizá-lo quanto aos seus conhecimentos. Uma outra coisa importante é a humildade: a capacidade de reconhecer em si falhas (de formação, conhecimento), defeitos (vícios, aprendizados distorcidos e condicionados) e desconhecimento (termos/procedimentos específicos, abordagem diferenciada etc.).
Tenha em mente que, caso seus conhecimentos presentes sejam satisfatórios, você tem a possibilidade de ser escolhido. Afinal, toda empresa sabe que há uma constante necessidade de reciclagem, para todos os tipos de profissional, e para tanto, são necessários tempo e dinheiro (seus e da empresa !).

Entrevista Exploratória


É o tipo mais vago. O entrevistador tanto pode ser uma pessoa de recursos humanos, como um profissional de sua área, de seu nível ou superior (inclusive seu futuro chefe). O foco não é muito definido (por questões estratégicas ou mesmo por deficiência da estruturação da entrevista) e pode ir desde questões técnicas até questões de ordem pessoal. O certo é que esta entrevista (seja ela preliminar ou mesmo um segundo contato) tem o objetivo de fazer uma sondagem, uma exploração do tipo de perfil dos candidatos. Como é a menos objetiva quanto ao foco de atenção, pode se  caracterizar como a mais difícil para o candidato, por não lhe dar condições de definir uma linha única de atuação. Assim, se o foco é múltiplo, múltiplas também devem ser suas facetas profissionais. Para uma questão técnica, seja técnico (o que não significa aridez ou rigidez, e muito menos o uso de "tecniquês"); para uma questão pessoal, seja pessoal, ou seja, relacione-se com o entrevistador de igual para igual.
Não procure encontrar o "eixo" da entrevista (pode ser que nem haja eixo!) muito menos o nexo lógico entre as questões (pode ser que estejam desconectadas por mero acaso), procure antes estabelecer uma relação de entrevista produtiva e flexível. Sinta-se a vontade, mesmo que o entrevistador aborde assuntos que você julga desnecessários ou não relacionados ao cargo. Aproveite a oportunidade e explore você também o entrevistador e a empresa dele.
Esse também é um tipo de entrevistador que pode ter os mais variados enfoques. Não só pelo fato de que nem sempre seu futuro superior seja um "entrevistador profissional", mas também porque a posição dele permite que numa mesma entrevista ele percorra o caminho que vai do conhecimento inicial à avaliação final. Se o entrevistador se identificar com o seu futuro superior, a relação ficará mais fácil e o seu caminho mais definido. Contudo, pode ser que estrategicamente ele não se identifique como tal.Isso indica um profissional mais experimentado em entrevistas, que utilize tal estratégia com algum objetivo determinado - avaliar sua postura no relacionamento com chefia, por exemplo. Também nesse caso, o que se espera de você é uma qualidade técnica e comportamental compatível com o cargo, e que se expresse numa forma de relacionamento durante a entrevista que seja ao mesmo tempo solidamente embasada em conhecimentos e experiências, e também em resultados e propostas. Lembre-se que um futuro chefe sempre terá um "perfil ideal" para o cargo e tentará identificar todas as características desse perfil em cada um dos candidatos. Não assuma portanto, numa situação como esta, uma postura subserviente. Seja um profissional ativo, participativo, que não tem medo de expressar opiniões, que sabe ouvir e avaliar posições diversas da sua e coordená-las. Também não é bom assumir uma postura auto-suficiente, de  quem prescinde de comando ou orientação. Evidencie sua capacidade de trabalhar em grupo, relacionar-se com a chefia e equacionar as necessidades de ambas as partes.

fonte imagem: revista info